CarlWeiss

 
joined: 2022-12-18
" Mais que ontem , menos que amanha "
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O Apressadinho

Olga, 18 aninhos, estava descobrindo o amor e o sexo.
Seu namorado Julião, 22 anos, considerava-se o amante perfeito para iniciá-la.
Tadinha da moça!
Julião até que sabia das coisas.
Já havia ouvido falar em preliminares, por exemplo, e acreditava desempenhá-las a contento.
O problema é que era um pouquinho acelerado, do gênero “Vai ser bom, não foi? ”
Do primeiro toque nos seios (dela) ao gozo (dele), decorriam uns 4 minutos, se tanto.
Se lhe dissessem que uma transa de responsa podia durar 10 vezes isso e mais ainda, ele não acreditava, dizia que era fake news; se lhe mostrassem uma maratona sexual num vídeo pornô, ele sorria, indulgente, e afirmava, “É montagem, claro! ”
Namorando um coelho , Olga tornara-se outro bicho, uma lagartixa, e subia pelas paredes de frustração sexual.
Depois de hesitar muito, a jovem abriu-se com as amigas, todas mais rodadas que ela.
Algumas sugestões ouvidas :
- Termina com esse filho da puta e arranja um macho de verdade !
- Você gosta do Julião, fica com ele, mas descola um amante. Meu primo (ou irmão, ou algo semelhante)...
- Você precisa de um pau amigo. Meu primo (ou irmão, ou algo semelhante)...
- Obriga esse corno a chupá-la, você vai gozar horrores...
- Como você faz para gozar?
Se masturba muito?
Com os dedos, um vibrador ou alguma outra coisa?
Foram os dois últimos diálogos que fizeram Olga parar para pensar.
Primeiro tentou o sexo oral:
- Amor, vamos variar, fazer coisas novas?
Me chupa, por favor.
Lambe gostoso o grelinho...
A resposta de Julião foi um banho de água fria.
- Te chupar?
Homem não chupa, é chupado!
E pedir isso é coisa de puta!
Olga deu de ombros, desiludida, e encarou a segunda sugestão.
No final da infância e início da adolescência ela se tocara, por vezes inadvertidamente, e gostara da sensação, do calor úmido que irradiava da xaninha.
Mas foi algo ocasional; se alguma fez chegou a gozar, não recordava – e o primeiro orgasmo a gente nunca esquece.
Então, não.
Toda animada, Olga passou a assistir a vídeos pornôs não para se excitar, (embora isso acontecesse), mas para aprender técnicas.
E deuses, o que ela aprendeu!
Viu vibradores em forma de cacetes monstruosos; outros semelhantes a ovinhos; outros dotados de tentáculos como um polvo a nadar na maré baixa das moças...
Sugeriu timidamente ao namorado o uso de um vibrador, mas ele explodiu, machista na última :
- Vibrador?
Você quer dizer consolo!
Isso é coisa de mulher mal comida, ou de puta (frase que já estava virando lugar comum em suas discussões).
As aulas nos vídeos continuaram, e a moça aprendeu que muitos objetos domésticos, como os chuveirinhos do banheiro, podiam ser usados para ter prazer.
Ela decidiu experimentar: quem sabe, um banho de banheira e seu amante-chuveirinho poderiam levá-la às nuvens !
Nas duas primeiras vezes, foi bom; na terceira, gozou; na quarta, teve orgasmos múltiplos.
A partir daí, não parou mais.
Ficou mais alegre, mais atraente, os olhos brilhantes, deixou de incomodar Julião implorando por uma trepada.
Ele notou as mudanças em seu comportamento.
- Essa vaca tá sorridente demais...
Deve estar dando pra alguém !
Na tarde seguinte, saiu cedo do trabalho e voou para casa, para pegar a traidora em flagrante.
De certo modo, pegou, ouviu a voz dela, no banheiro, que dizia :
- Ah, meu amor, ninguém chupa como você... me molha o grelinho, sopra nele, me faz gozar mais uma vez !
Julião abriu a porta com um empurrão.
E deparou-se com Olga na banheira, com o chuveirinho quase colado em sua xana.
- O que você tá fazendo, sua vaca?
- O que você acha?
Estou gozando com o chuveirinho, é o único jeito quando se namora o rei da ejaculação precoce !
Era a primeira vez que Olga o encarava Julião, desconcertado, passou à defensiva.
- Não tenho pau pra fazer você gozar ?
- Não!
Quer dizer, tem, mas não sabe usar, é um apressadinho !
Não se falaram mais.
Naquela noite os dois dormiram em aposentos separados, ela no quarto, ele no sofá da sala.
No dia seguinte, Julião não foi trabalhar.
Olga teve de sair para fazer compras.
Quando voltou, duas horas depois, a casa estava semidestruída.
Os ressaltos da cama e do sofá haviam sido serrados e lançados num saco de lixo; junto a eles estavam o chuveirinho de borracha, o pilão da cozinha, feito de madeira, o amassador metálico de frutas e até as vassouras; em resumo, todos os objetos da casa vagamente fálicos, ou cilíndricos, ou flexíveis mas compridos haviam sido descartados.
- Você enlouqueceu?
– perguntou Olga, sem acreditar no que via.
- Quero ver você se roçar em alguma coisa agora!
– rosnou Julião.
- Ah, não vai ver mesmo.
Só que não vou me roçar, vou enfiar o cacete de um homem de verdade dentro de mim!
– Procurando controlar-se, falou num tom mais calmo
– Olha, apelei pro chuveirinho pra não trair você.
Mas não abro mão de ter orgasmos, nunca mais.
– Olga desistiu de dar uma de boa moça, lançou um risinho zombeteiro e continuou.
– Você acabou com seus rivais de borracha e de madeira, mas seus rivais de verdade estão por aí, doidos pra fuder com uma mulher jovem e gostosa.
Então, acabou o namoro, saia do meu apartamento, que vou sair por aí.
– E, parafraseando Vinicius, lançou a humilhação derradeira:
- Os apressadinhos que perdoem, mas o gozo é fundamental!