O narrador de minhas variáveis preleções e eventuais historietas é o mais sonhador dos meus personagens.
Ele passou a vida viciado em delirar.
Da passagem da adolescência para a idade adulta, ele se afligia ao perceber que assim não poderia continuar, não era humanamente digno, sentiu-se aflito, compreendeu que precisava descer dos céus, pisar na terra, para poder mais adiante continuar curtindo suas aventuras oníricas.
Um stop compreendeu ser necessário.
Antes pensava que tinha tudo e em seu íntimo sabia muito bem que não possuía nada, quase tudo lhe tinha sido evasivo - prazeroso, deliciante, mas inconsistente e fugaz.
E maquinalmente se dedicou a efetuar algum trabalho, o trabalho que lhe surgia, a faze-lo bem, caprichosamente, o que lhe era orientado a fazer dentro dos horários marcados.
Mas o que sempre lhe foi mais importante, mais visceralmente gratificante, era o tempo em que podia passar solitário calmamente a engendrar fantasias e desenvolve-las sem o menor interesse em torna-las cruciais para sua existenciazinha fantasmagórica, mediocremente mundana.
"É pra fazer?
Tudo bem.
Eu faço.
Pronto, tá feito, agora me deixe em paz para viajar pelos meus sonhos".
Seus salários, todo o dinheirinho que lhe caía em mãos, predominantemente usou para seguir, pelo maior tempo que lhe fosse possível, sustentando o vício que a insatisfação com a realidade primária lhe inculcou na mente um dia, talvez ainda, infantil. Então é isso: o personagem que mais uso para descrever o que se passa pela minha imaginação creio que, muito que provavelmente, seja AUTISTA.
" Eu só não vejo vc o suficiente "
" eu gostaria de ver o suficiente "
CarlWeiss
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" Mais que ontem , menos que amanha "
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